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Posted: 28 Jun, 2020 @ 8:46pm

Eu sempre fui apaixonado por RPG’s, ou pelo menos desde quando os conheço.

Minha história com este gênero começou muito cedo. Quando ainda era criança recebi uma coleção inusitada de um primo. Era um bolo de revistas de jogos das mais variadas, porém com uma maioria da saudosa Gamers.
Pra mim foi um presente bem curioso, afinal eu amava ler. Jogos também, porém eles vieram após o hábito de leitura. Em minha infância eu devorava revistas de conteúdos nerds e até mesmo as revistas de meus pais eu sempre passava um bom tempo lendo as partes relacionados a livros, quadrinhos e filmes que apareciam.

A paixão pela gamers se consolidou na primeira leitura. Até hoje tenho a memória extremamente vívida das páginas esverdeadas com previews que logo estariam no mercado. Vale dizer que minha família nunca fora de condições abastadas, então apesar de ter passado por algumas gerações de consoles os jogos a serem comprados tinham de ser bem escolhidos com cautela.

A paixão de games sempre veio acoplado de um amor pela cultura oriental. A união do útil ao agradável foi descobrir no mundo dos jogos a maravilha dos J-RPG’s, ou RPG Japoneses. É curioso que a junção do útil ao agradável fora tão marcante de modo que me lembro das páginas esverdeadas e brancas demonstrando as artes com estilo japonês que carregaria pelo resto da minha vida.

Final Fantasy, Dragon Quest, Chrono Cross, Phantasy Star, Legend of Bahamut, Grandia e outros inúmeros que poderia citar me proporcionaram horas, dias, meses e porquê não anos de histórias incríveis.

Histórias… Essa singela palavra têm uma carga inimaginável pra mim. Não é apenas pelo fato de ser autor. Pra mim, o ser humano é uma criatura propensa a contar histórias. Vivenciá-la por meio de um controle é uma forma excepcionalmente convidativa a ter um pouco mais de aprofundamento. Porém… sabe qual o tema que sempre me encantou? Amizade.

RPG’s japoneses sempre foram uma fábrica de histórias baseadas em amizade. É um tema que seu elo sobressai até mesmo ao familiar. Cada obra é um abalo no meu coração. Tudo isso é apenas para tentar demonstrar um pouco do que o jogo que falarei significa na minha vida.

Um dos jogos mais impactantes na minha vida é um jogo chamado Shin Megami Tensei: Persona 4. Para melhor identificação, vou chamá-lo apenas de P4.

P4 é um J-RPG que fala sobre um garoto, Yu Narukami, que vai para casa de seu tio do interior passar 1 ano em uma cidade do interior do Japão. A trama corre pois o protagonista têm um poder chamado de Persona e equilibrando sua vida acadêmica/amorosa/profissional com resolver um misterioso assassinato horrível que aconteceu.

É um resumo bem simplista da obra, mas apesar das mais de 80 horas necessárias para acabar por completo a trama qualquer coisa fora disso seria spoiler. É interessante que por estarmos no ano de 2020, P4 já é um jogo considerado antigo, afinal seu ano de lançamento inicial é de 2008.

Eu conheci a série muito cedo mas curiosamente não tenho memória da primeira vez que joguei P4, porém eu nunca vou esquecer quando o joguei novamente no final do ano de 2017.

No meio da minha graduação eu estava um bocado sobrecarregado. Problemas de família, com grupos na faculdade, alguns medos e também ansiedades bem acentuadas. Como forma de algum alento comecei um dos passatempos que mais gosto de fazer: Jogar com minha noiva.

De certa forma, virou uma tradição pelo gosto da minha companheira de assistir alguns jogos. P4 foi uma das primeiras aventuras que encaramos juntos e como já citei anteriormente, tratou de um tema que me destrói o coração, a Amizade.

O ponto é que além disso, Persona trata sobre a fidelidade entre amigos e até mesmo como a ajuda deles é necessária para enfrentar as nossas piores partes. Você pode me perguntar: como assim o jogo não era um RPG sobre investigação? Esse basicamente é um subtexto. A principal pérola para que consigamos seguir em frente e termos bons resultados em nossa batalha é gerir nossa vida, tratando do trabalho, estudos e relacionamentos(tanto amorosos quanto de amizades).

Apesar disso ser uma emulação de algo real, eu acredito que o videogame têm uma forma poderosa de lidar com nossos problemas nos chamando a atenção. A verdade é que foi impossível não passar pelos conflitos sem me identificar e isso foi até mesmo um ponto de acolhimento por parte da minha noiva. Um exemplo é o complexo da Yukiko com sua carga que não é boa o suficiente, alguns podem achar um conflito bem bobo porém quem tem sabe o quanto é dolorido, especialmente para os amigos e familiares próximos.

Que lição tirei de tudo isso? A real lição de que essa jogatina intensa me deu, de forma que chorei desconsoladamente no final é que não estamos sozinhos. É uma lição difícil. Porque por vezes deixamos pessoas sozinhas também quando necessitam. Todos temos um lado temido que esconde aquilo que temos receios e medo que descubram, quando na verdade precisamos aceitar esse lado em nós e nos outros, auxiliando para que possamos lidar com isso.

E o quão importante é isso? Sem entrar em muitos detalhes, um dos antagonistas diz que o viver da humanidade fora corrompido para negarem quem são e seus propósitos. Em tempos difíceis como o que passei, como o que passamos agora, P4 chegou como um alento, como um aviso também.

É um aviso de que a vida, apesar de passageira, terão pessoas ao nosso lado que precisam conhecer quem são e serem auxiliadas a conhecerem as partes de si que escondem e serem tratadas com amor e compreensão. Mesmo que nossas amizades sejam por pouco tempo, a memória de alguém que se importou e fez a diferença será carregada para sempre.
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